LEGISLAÇÃO

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

LOGÍSTICA

DISTÂNCIA ENTRE PLANO E AÇÃO PARALISA INFRAESTRUTURA LOGÍSTICA

Uma análise da infraestrutura de transportes que afeta a logística e agrava cada vez mais a competitividade dos produtos brasileiros no exterior traz à tona a falta de gestão para a execução dos projetos na opinião de especialistas do setor. Para o coordenador da Câmara de Logística Integrada da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), Jovelino Pires, não faltam planos para a logística, mas há uma grande distância entre o planejamento e a execução das obras.
Planos nacionais para logística terrestre, portuária e integrada foram lançados pelo governo federal nos últimos anos, mas as mudanças não aconteceram a contento. "Engatinhamos no planejamento e na execução dos planos", ressaltou Pires ao criticar a ausência de ações no campo da infraestrutura e a centralização das atividades pelo governo. Para ele, só quem está na beira do cais conhece e pode tratar os problemas, mas a diretriz legal centraliza todo o poder em Brasília com o agravante de que não há funcionários suficientes para "dar conta" das tarefas.
Segundo Pires, é preciso lembrar, ainda, o entrave dos diversos intervenientes no comércio exterior que atuam em diferentes prazos quando se tem um custo médio do navio de US$ 60 mil/dia.
A necessidade de coordenação nas diferentes áreas do governo para a execução dos projetos também é vista como ponto de partida para a solução dos entraves logísticos pelo gerente de economia da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Daniel Furlan Amaral. A preocupação do setor é aumentada diante da probabilidade de nova safra recorde de soja e milho em que se terá a repetição dos problemas de acesso aos portos vivenciados neste ano.
No limite
Amaral destaca que os portos trabalham na sua capacidade máxima e precisam resolver gargalos internos, bem como nos acessos, de forma urgente. "Temos uma agricultura moderna, mas que não tem condições logísticas adequadas. Por isso, vemos tanta diferença de preço entre o que se tem no Estado para o que chega ao porto." Para o economista é preciso concentrar esforços e avançar nos acessos aos portos do Norte e Nordeste. Hoje, pelo conjunto, mesmo distante de regiões produtoras, os portos do Sul e do Sudeste acabam escolhidos pelas instalações e opções por rodovia e ferrovia.
A importância de evitar pequenos erros, como os que dificultam licenças ambientais por simples falta de informação, é ressaltada pelo executivo da Abiove, que, da mesma forma, chama atenção para um fator de possível mudança no curto prazo que é a falta de inspetores permanentes na área fitossanitária em determinados portos, o que afeta diretamente a produtividade.
Também a questão da dragagem necessita de urgência. Por falta de obras, portos ficam impedidos de carregar navios de maior porte.
Recente pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Supply Chain (Inbrasc) aponta que, se problemas existentes na infraestrutura de ferrovias, rodovias, aeroportos e portos fossem sanados, 72% das empresas que responderam às questões economizariam até 2 milhões de reais por ano.
O presidente do Conselho Deliberativo do Inbrasc, João Fábio Silva, destaca que as respostas evidenciam a burocracia como problema. Segundo o executivo, os atrasos por conta dela afetam toda a cadeia, ampliando muitas vezes os custos com estoques para tornar possível aproximar a indústria dos clientes, por meio de investimentos em centros de distribuição.
Além das deficiências de infraestrutura, Silva considera que o nível dos serviços no setor não é satisfatório, uma vez que se tem poucos transportadores com modelo de trabalho integrado e os disponíveis são encontrados a um valor muito alto.
Pesquisa
Para o diretor do Inbrasc, Henrique Gasperoni, muitos dos problemas detectados pela pesquisa já eram conhecidos e a tentativa foi quantificar em valor os prejuízos por conta dos gargalos logísticos. Para tanto, foram questionadas 171 empresas, com faturamento acima de 100 milhões de reais. O resultado mostrou que, para quase 50% das entrevistadas, a economia seria de até 1 milhão de reais.
Metade dos entrevistados avaliaram que as áreas de transporte e logística enfrentam problemas frequentes, principalmente com relação à falta de segurança, com a manutenção das vias e com os pedágios. "Empresas têm investimento muito grande para minimizar os riscos. Além de manutenção, consumo de gasolina e de pneus e rastreamento, dependendo da carga, há ainda o custo com a escolta e tudo chega na ponta para o consumidor final", resume Gasperoni.
Uma das saídas para reverter o atual cenário, segundo Gasperoni, estaria na parceria público-privada para aumentar a competitividade. Para ele, enquanto o Brasil não desenvolver um projeto piloto pensando no conceito de gestão de infraestrutura não será possível competir no mercado externo.
"É preciso deixar de olhar projetos pontuais e investir em infraestrutura como um todo. Não enxergo um plano de mobilidade urbana para São Paulo. O que existem são lampejos de projetos e que até ficarem prontos já terão surgido novos problemas", conclui Gasperoni. (AC)

Fonte: Aduaneiras
http://www.aduaneiras.com.br/noticias/noticias/noticias_texto.asp?acesso=2&ID=24708222


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