LEGISLAÇÃO

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

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Brasil tem sorte, pois possui o que a China precisa”


Entrevista Jonathan Fenby Diretor de China da Trusted Sources


Alimentos e preocupação com segurança energética colocam o país como nação estratégica para os asiáticos


Marina Gomara
mgomara@brasileconomico.com.br


Ele mora em Pequim. E cada vez mais acha curiosa a modernização pela qual a sociedade chinesa está passando atualmente. Em uma cidade do sul, por exemplo, diz que o prefeito quer impedir o uso das bicicletas, consideradas coisas do passado. Jonathan Fenby é diretor de China no Trusted Sources, especializado em estudos sobre os Brics. Nesta entrevista exclusiva ao BRASIL ECONÔMICO, fala de como o Brasil é ‘sortudo’ por ter hoje muita coisa que a China precisa. E sobre mitos e verdades da sociedade mais poderosa do mundo na atualidade.

O mundo tem reclamado muito do iuane desvalorizado. Há sinais de que isso mudará?


Não há dúvidas de que o iuane esteja desvalorizado demais. Até os chineses reconhecem e admitem que precisam de mais tempo antes de valorizar amoeda, para reequilibrar a economia e ser menos dependentes das exportações. Para isso, terão de aumentar o consumo interno. Moeda forte, valorizada também é útil para combater a inflação. Não dá nenhuma indicação de que eles vão abrir mão da desvalorização do iuane a não ser que a demanda pelas exportações cresça muito, já que são muito importantes para a economia do país. Tem uma outra coisa que é: atualmente, se algum país estrangeiro diz à China o que eles devem fazer, aí é que o governo tem mais vontade ainda de fazer o que é do interesse deles.

Há uma mudança no padrão do comércio chinês?


Com certeza. Não é mais só um comércio com os EUA, mas um comércio como sudeste da Ásia, a América Latina e a Europa, que hoje é o maior parceiro comercial da China. Eles também estão vendendo mais produtos como maquinários (tratores e  carros), mas ainda não são um competidor global de manufaturados. Isso pode acontecer nos próximos dois ou três anos.


Como é a relação com o Brasil?


O Brasil é muito sortudo porque tem coisas que a China precisa. Primeiro é a soja que eles não podem produzir o suficiente. Depois, o aço de alta qualidade.


Em terceiro, há todos os alimentos, os produtos agrícolas. A China teve boas colheitas nos últimos tempos mas a demanda está crescendo, especialmente para carne e também comida para a classemédia e classe alta. O governo tenta limitar a importação de alimentos e aposta nos 95% de autossuficiência (com exceção da soja). Mas se eles tiverem uma colheita ruim, por causa da seca ou da enchente, a pressão pode aumentar para que eles aumentem a porcentagem de comida importada. Eles têm uma demanda enorme e isso vai afetar o mercado internacional.


E os investimentos no Brasil?


Os chineses já estão fazendo e vão continuar a fazer investimentos no Brasil, provavelmente mais na área de manufaturados. São capazes de investir em joint-ventures, mas têm uma tendência a gostar de levar seus próprios funcionários para trabalhar na indústria. Já fizeram um grande empréstimo para Petrobras, no ano passado, e apostam no pré-sal para produzir energia. A China precisa garantir o abastecimento no país. Na África e no Oriente Médio, por exemplo, têm preferido fechar acordos de longo prazo em vez de comprar energia no mercado. A intenção é garantir a segurança energética do país.


Eles nunca vão superar a questão da pirataria?


A pirataria faz parte da cultura do país. A ideia de propriedade intelectual não existe entre os chineses. Se isso virar um problema para as questões comerciais bilaterais. Se as empresas que querem ir para lá começarem a criar problemas por causa da pirataria, poderão enfrentar também problemas políticos. O Google reclama de censura,mas ainda está lá apesar de toda a censura, assim como o Yahoo, a HP, a Microsoft estão quietinhos porque não querem ofender o governo chinês.


Como é a China como um global player?


Eles nunca mais vão voltar ao isolacionismo de antes. Já são parte do mundo. Na primeira geração de reforma econômica (de 1978 até o ano passado), a China desenvolveu a economia mantendo-se low profile globalmente. Isso significava manter cabeça baixa, não exercer nenhum papel político internacional, focando só no desenvolvimento econômico. Mas, agora, com a importância que o país tem para o mundo, o governo chinês foi obrigado a ter uma posição política no cenário mundial. E ainda não sabemos ao certo qual o papel que o país quer desempenhar no mundo.


O país pode se tornar uma grande potência mundial sem liberdade de imprensa?


Como um ex-jornalista, esperava que a resposta fosse não. Mas acho que sim. O país tem sido bem-sucedido. Em 1990, todo mundo achava que com o enriquecimento


do país, a democracia viria através da classe média. Mas hoje eles têm uma classe média com 80 milhões de pessoas que é parte do status quo. Eles também estão bem economicamente e há uma grande liberdade individual no país. As pessoas podem falar à vontade, fazer piada do governo, inclusive participar de stand up comedies. O problema é que se você começa a se organizar politicamente, isso é visto como uma ameaça para o governo. Daí você é perseguido e preso. O  partido comunista temo grande desafio que é se adaptar para ter uma democracia internamente.


Os países do Ocidente ignoram os direitos humanos lá?


Quando visitou a China, recentemente, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, disse que era preciso botar os direitos humanos separados da economia.


Os governos do ocidente estão negligenciando os direitos humanos no país. A China está com o passe livre. Todo mundo está querendo o contrato.


O que ocorre nas relações EUA – China atualmente?


O endurecimento da postura chinesa internacionalmente continua em alta, mas a ameaça de que o governo vá retaliar empresas americanas por causa da venda de armas dos Estados Unidos para Taiwan émuito difícil que seja posta em prática.


Isso vai de encontro aos interesses chineses no curto e longo prazos. O presidente Hu Jintao reagiu desta maneira por razões políticas internas. Depois das diferenças vistas nas negociações do clima, da política cambial e do Google, não há dúvidas de que a China se tornará um jogador duro para lidar. Também não podemos subestimar o perigo do governo Obama adotar políticas protecionistas antes do fim do ano. Obama tem achado difícil conseguir qualquer concessão do governo de Pequim.
Brasil Econômico


Mercado financeiro eleva projeções para câmbio e inflação

O mercado financeiro voltou a apostar no aumento da inflação neste ano. Há quatro semanas, acreditava que a inflação de 2010, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), fecharia em 4,5%. Na semana passada, já estava projetando 4,62%. Nesta semana, segundo o Boletim Focus divulgado ontem pelo Banco Central (BC), elevou a previsão para 4,78%, acima, portanto, da meta de 4,5% perseguida pelo Comitê de Política Monetária (Copom).
Os agentes do mercado financeiro também estão prevendo um dólar mais forte no fim do ano – R$ 1,80, face a R$ 1,76 da pesquisa anterior e a R$ 1,75 de quatro semanas atrás.
Ao decidir sobre a taxa básica de juros (Selic), o Copom olha para as expectativas de inflação do mercado. Além das expectativas, orienta suas decisões de acordo com as projeções de inflação, a análise de cenários alternativos das principais variáveis que influenciam os preços e o balanço de riscos associados às suas projeções. Na última ata, divulgada na semana passada, o Copom sinalizou que poderá aumentar a Selic no curto prazo.
O IPCA é usado pelo regime de metas para inflação administrado pelo Banco Central, mas, nessa pesquisa do Focus, os agentes do mercado também se mostraram pessimistas em relação a outros três índices.
A expectativa para o Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI) no fim deste ano elevou-se de 4,6% para 5,13%. Há quatro semanas, era de 4,44%. Para o Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), as expectativas também mostram deterioração. A projeção do mercado financeiro saltou de 4,41%, há quatro semanas, para 4,84%. Na pesquisa anterior, era 4,8%. A projeção para o Índice de Preços ao Consumidor calculado pela Fipe (IPC-Fipe) também subiu, segundo a pesquisa do BC, de 4,5% para 5,04%. Há quatro semanas, era 4,42%.
Na avaliação de José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, o resultado do IPCA de janeiro foi mais alto do que se esperava e, dessa maneira, obrigou muitos agentes do mercado financeiro a ajustarem seus modelos para o ano. No primeiro mês de 2010, o IPCA apurado foi de 0,75%, enquanto a maioria dos analistas aguardava 0,6%.
No caso do Fator, Gonçalves disse que o IPCA projetado para o fim do ano subiu de 4,4% para 4,6%, refletindo, principalmente, o impacto da valorização do dólar em relação ao real.
A conta da maior elevação dos preços, segundo o economista, considerou fatores sazonais, como o reajuste do transporte coletivo, as mensalidades escolares e os aumentos de alguns alimentos. Gonçalves afirmou também que pesou o fato de a pressão da demanda não ter arrefecido.
A nova onda de crise financeira na Europa lançou, segundo o economista do Fator, incertezas no mercado quanto ao comportamento do câmbio e das commodities. Apesar disso, ele comentou que “não assusta” a expectativa de 4,78% para o IPCA no fim de 2010. Ele lembrou que o centro da meta de inflação é 4,5% e a curva de juros futuros ignorou a inflação maior como um problema para este ano. Em 2009, o IPCA foi de 4,34%.
De acordo com o economista Fábio Silveira, da RC Consultores, a expectativa de inflação mais alta ainda é um problema “modesto” para 2010 porque o mercado não está apostando em cenários muito negativos para as cotações das commodities e para o câmbio. O que a pesquisa Focus revelou, na opinião dele, teve três causas principais.
Em primeiro lugar, desde novembro há um movimento de alta dos preços internacionais de matérias-primas. Além disso, o real vem se desvalorizando frente ao dólar há mais de 40 dias, o que também arrasta os preços em reais no mercado doméstico. Por fim, o aquecimento da economia brasileira, com mais crescimento e mais renda, reforça a pressão altista dos preços. “O ponto fundamental é que o Brasil está crescendo e esse cenário facilita o repasse dos aumentos de custos dos insumos”, avaliou Silveira.
Valor Econômico

 
Alíquota do Seguro de Acidente do Trabalho (SAT) pode aumentar 100%

Em vigor desde janeiro de 2010, a nova forma de calcular a contribuição ao Seguro de Acidente de Trabalho – SAT pode aumentar em até 100% a alíquota do seguro, valor que incide sobre a folha de pagamento da empresa. Conforme a advogada trabalhista e previdenciária do Cenofisco, Andreia Antonacci, “o grande número de atividades classificadas como de alto risco de acidente de trabalho, colaborou com a alta na alíquota, visto que estas foram tributadas com base em um percentual mais elevado”.
O valor da alíquota do SAT varia conforme a o risco gerado pela empresa ao trabalhador, sendo 1% para atividades de baixo risco, 2% para médio e 3% para alto. Vale salientar que, segundo a especialista do Cenofisco, o SAT aumentou para 67% das atividades.
Os fatores que definem o percentual da alíquota do SAT são: frequência de acidentes, gravidade das ocorrências e custos envolvidos com as ocorrências nos diferentes setores.
Em 2010, o Fator Acidentário de Prevenção – FAP também passou a incidir sobre as alíquotas, podendo aumentar ou reduzir as alíquotas do SAT, em até 100%, de acordo com o histórico de acidentes e lesões de trabalho e problemas de saúde registrados dentro da empresa”, alerta Antonacci. E completa, “a frequência das ocorrências influenciará no cálculo”.
transportabrasil
 
 
Empresas mudam rotas para fugir de portos ruins

A precária infraestrutura dos portos brasileiros tem castigado a vida das empresas que dependem do comércio exterior. No último ano, apesar de a crise financeira ter arrefecido a demanda global, muitas companhias sofreram para embarcar (ou desembarcar) suas mercadorias. A operação virou uma corrida de obstáculos, que envolveu a falta de estrutura dos acessos rodoviários, ferroviários e marítimos, excesso de burocracia, custos elevados dos serviços, baixa frequência de navios e falta de contêineres para o transporte da carga.
Segundo uma pesquisa feita pelo Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos), com 187 grandes empresas instaladas no País, a conjunção desses problemas tornou inviável o uso de alguns portos. Dos grupos consultados entre outubro e dezembro do ano passado, 23% não conseguiram usar algum terminal no País e tiveram de mudar sua rota tradicional.
Em alguns casos, isso significou cruzar o Nordeste até os portos do Sul e Sudeste, que também estão saturados. Um exemplo disso é Santos, o maior complexo portuário da América Latina, responsável por 27% do comércio exterior brasileiro. O porto recebe carga de toda parte do Brasil e, às vezes, não consegue dar conta de toda essa movimentação, especialmente por causa de restrições na estrutura física, como o acesso rodoviário, ferroviário e dos canais de navegação, explica o diretor do Ilos, Paulo Fleury.
O complexo recebeu a terceira pior nota das empresas entrevistadas pelo instituto, que montou um ranking dos dez principais portos do País. Suape (PE) recebeu a melhor avaliação e Salvador (BA) ficou com o último lugar nesse grupo. A posição do porto baiano é explicada pela falta de capacidade para atender à demanda local, destaca o diretor executivo da Associação de Usuários dos Portos da Bahia (Usuport), Paulo Villa.
Segundo ele, boa parte das companhias é obrigada a recorrer a portos de outros Estados para exportar seus produtos. É o caso, por exemplo, do algodão produzido no oeste baiano. A rota mais econômica para transportar o produto seria pelo Porto de Salvador, que fica a cerca de 850 km da região. Mas, por falta de capacidade do terminal, os produtores estão sendo obrigados a percorrer quase 1.700 km até o Porto de Santos.
Na avaliação das empresas, o problema campeão de reclamação é o acesso terrestre, totalmente despreparado para atender ao aumento da demanda. Em alguns casos, os caminhões têm de aguardar mais de um dia para conseguir descarregar o produto e sair novamente carregado.
O Estado de São Paulo

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