LEGISLAÇÃO

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Atual fase da China impõe novos desafios às empresas


Atual fase da China impõe novos desafios às empresas

O Brasil está diante de um gigante comercial repleto de oportunidades. Mas como tirar proveito dessa situação, diversificando e estreitando a parceria, é a questão que se coloca no momento


Liliana Lavoratti










Autoridades e companhias brasileiras analisam passos dos chineses para vislumbrar para onde vai locomotiva da economia mundial / Foto: Reuters


PEQUIM - O Brasil, mais do que nunca, analisa com lupa os passos da China para tentar vislumbrar para onde vai a locomotiva da economia mundial.


Razões existem de sobra para essa preocupação. Nos próximos cinco anos, o País continuará com grande dependência das exportações de commodities minerais e agrícolas para o seu maior parceiro comercial. E isso em um cenário menos favorável do que o predominante nos últimos tempos, exigindo dos brasileiros um passo além da relação bilateral centrada na venda de matérias-primas daqui para lá e nas importações de manufaturados de lá para cá. Avançar na cooperação sino-brasileira também é necessário para acompanhar as transformações que ocorrem naquele pedaço da Ásia: desaceleração da economia - tão importante quanto a manutenção do aumento do Produto Interno Bruto (PIB) ao redor de 7% ao ano é a qualidade do crescimento - e ênfase no mercado interno para melhorar a qualidade de vida da população.


Gigante comercial


O Brasil está diante de um gigante comercial repleto de oportunidades. Mas, como tirar proveito dessa situação diversificando a parceria - o que os chineses já fazem há algum tempo no sentido contrário, vendendo para os brasileiros e investindo aqui em vários segmentos de negócios? O Brasil é o país da América Latina que mais vai receber investimentos chineses nos próximos anos, será nosso grande parceiro de desenvolvimento.


"O imenso mercado consolidado de 1,2 bilhão de chineses é com certeza um mar de oportunidades para os brasileiros. Isso não é novidade. A questão que se coloca agora em termos práticos é o que pode ser feito para isso acontecer", ressalta Hsia Hua Sheng, professor de finanças internacionais da Fundação Getulio Vargas de São Paulo. "Em vez de só exportar, as brasileiras deveriam adotar outra estratégia. Adquirir companhias chinesas, inclusive pequenas e médias, fazendo joint ventures, para acessar a distribuição e marcas locais, como americanas e europeias fazem".


"Somos hoje um dos maiores parceiros da China nessas áreas e a tendência é essa parceria aumentar. A China tem grandes chances de ultrapassar a economia dos Estados Unidos nos próximos anos. Mas, é preciso que o Brasil saiba estreitar essa relação e conduzir o crescimento dessa aliança olhando para outros setores e melhorando o comércio exterior", enfatiza Mario Garnero, fundador do Grupo Garnero e do Brasilinvest. Na opinião dele, nossa relação comercial com a China ainda está muito aquém do que podemos alcançar.


Explorar a parceria


"Hoje o Brasil exporta produtos de baixo valor agregado para uma economia que está em vertiginosa expansão. O crescimento do consumo e consequentemente a expansão do mercado em diversos setores deve ser analisado e explorado pelo Brasil com mais arrojo e perspicácia", diz.


Este será um grande desafio para a indústria brasileira e para os órgãos responsáveis pelo desenvolvimento nacional. "Precisamos saber usar nossa parceria para o incremento de outros setores, como Tecnologia da Informação, cibernética, energias renováveis, saúde e educação. Também é muito importante o incentivo às médias empresas brasileiras para ampliarem sua presença no comércio e na criação de joint ventures com companhias daquele país", afirma Garnero.


Em 1982, o Brasilinvest montou o primeiro escritório de empresas brasileiras no país para estreitar as relações comerciais com os chineses. Vale, Petrobrás, Embraer, Embraco foram as seguintes a fincar os pés na China.


Muito a oferecer


Como os dois lados têm muito a oferecer mutuamente, a cooperação continuará cada vez mais forte. "O perigo maior que o Brasil corre é acabar se firmando como fornecedor de matéria-prima e importador de produtos com maior valor agregado, principalmente com aporte tecnológico, o que seria uma situação comercialmente muito mais interessante para a China que para o Brasil", destaca Fabian Fagotti, pesquisador sênior na planta chinesa da Empresa Brasileira de Compressores (Embraco), primeira joint venture brasileira na China (Embraco Snowflake Compressor Company Ltda.), em 1995, para a produção de compressores para aparelhos de refrigeração.


É grande a expectativa dos chineses quanto à criação de um ambiente de negócios mais dinâmico e de maior afirmação do país na diplomacia mundial, inclusive com o BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), diz o pesquisador da Embraco, que trabalha na China há quatro anos. "Se o foco do Brasil continuar sendo exportar commodities, por certo o quinhão mais interessante dessa mudança de cenário vai ficar nas mãos de outros países", acrescenta ele.


A repórter viajou a convite do jornal Diário do Povo


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Experiência rica tanto cultural como profissional


http://www.dci.com.br/economia/atual-fase-da-china-impoe-novos-desafios-as-empresas--id416083.html

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