LEGISLAÇÃO

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

AGRAVA-SE A CRISE COMERCIAL COM A ARGENTINA




AGRAVA-SE A CRISE COMERCIAL COM A ARGENTINA



Conforme levantamento da Abicalçados, mais de 410 mil pedidos foram cancelados

A crise do comércio bilateral com a Argentina, que dava sinais de arrefecimento no final do ano passado, quando a equipe econômica do governo argentino comprometeu-se com a normalização dos negócios, está longe do fim. Conforme mais recente levantamento da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), pedidos de mais de 410 mil pares de calçados foram cancelados após não conseguir liberação através das Declarações Juramentadas Antecipadas de Importação (DJAIs). O prejuízo foi de US$ 6,2 milhões.

O presidente-executivo da entidade calçadista, Heitor Klein, ressalta que a crise se agravou nos últimos meses. “Infelizmente, a nova equipe econômica do governo argentino continua trancando os nossos produtos. Existe um recrudescimento do protecionismo quanto às importações brasileiras, o que tem afetado nossos embarques de calçados de forma severa”, lamenta.



Prejuízo pode ser maior

Segundo Klein, mais de 418,5 mil pares seguem aguardando a liberação dos documentos para entrar em solo argentino. Caso não ocorra, o prejuízo será de mais US$ 9 milhões, somando um total de mais de US$ 15 milhões em negócios perdidos.

Somente no primeiro mês de 2014, as exportações brasileiras de calçados para a Argentina caíram 30% em dólares (de US$ 4,77 milhões para US$ 3,4 milhões), fazendo com que o país vizinho caísse do segundo posto para a quinta colocação entre os principais destinos. O resultado foi determinante para uma queda de quase 40% na balança comercial do setor no primeiro mês deste ano. “A Argentina é um mercado tradicional, que tem potencial para importar mais de 20 milhões de pares brasileiros. Ano passado a exportação foi de pouco mais de 8 milhões, o que deve cair ainda mais ao longo deste ano por conta do protecionismo do governo de Cristina Kirchner”, comenta o dirigente calçadista, lamentando que o fato acontece logo em um momento favorável para as exportações, com o dólar em patamares mais competitivos. “A nossa expectativa de aumento nas exportações para 2014 está ameaçada por conta da deterioração do mercado argentino”, acrescenta.

Movimentos insuficientes
Embora Klein reconheça o esforço do governo brasileiro na resolução do impasse, a opinião dos calçadistas é de que um discurso mais duro por parte do Governo Federal é fundamental neste momento. “A Argentina, como parte do Mercosul, não poderia criar empecilhos protecionistas dentro do bloco. O que mais causa irresignação é o fato de que enquanto o produto brasileiro perde espaço, o chinês avança na Argentina”, lamenta. Segundo ele, as expectativas, agora com a maxidesvalorização do peso argentino, é a pior possível. “Se já estava difícil manter aquele mercado, agora será praticamente impossível, já que o nosso produto ficará mais caro para o consumidor daquele país já tão castigado pela inflação”, aponta.

Entenda
O comércio bilateral com a Argentina nunca foi dos mais tranquilos. Apesar dos argentinos representarem, por anos, o segundo principal mercado para o calçado brasileiro, barreiras foram impostas para o calçado brasileiro ao longo dos anos. “Infelizmente, existe uma tendência protecionista no governo argentino, o que não é de hoje. Mas de alguns anos para cá, especialmente após o calote da dívida pública e o consequente fim dos créditos internacionais em 2002, as reservas internacionais daquele País se deterioram e a forma de equilíbrio da balança comercial encontrada pelo governo foi o protecionismo”, explica.

Depois de uma breve trégua nas concessões de licenças para os produtos brasileiros, que durou de janeiro a julho de 2013, os argentinos voltaram a solicitar as DJAIS, instrumento não previsto no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC) – portanto ilegal – e que tem como o intuito assegurar investimentos no País através da política do “uno por uno”, em que para cada dólar importado um deve ser exportado. O problema é que a licença, que deveria levar dois ou três dias para ser expedida, pode levar meses. “Existem calçados retidos desde agosto do ano passado”, afirma o executivo.

De acordo com o executivo, o prejuízo acumulado desde 2013 já ultrapassa os US$ 45 milhões, somando os pares trancados, os cancelamentos e os pedidos que não foram repetidos por conta dos entraves. “Perdemos a venda de 700 mil pares para o Dia das Mães, em outubro de 2013, depois perdemos os embarques de outros 700 mil para os festejos do fim de ano e agora estamos arcando com os prejuízos de outros milhares de pares cancelados e pendentes já negociados e que não estarão nas vitrines argentinas para as vendas da temporada outono-inverno, muito fortes naquele País”, explica Klein, acrescentando ainda o problema representado pela imprevisibilidade das negociações, o que inibe tanto exportadores como importadores locais.

Fonte: Abicalçados

http://www.exportnews.com.br/2014/02/agrava-se-a-crise-comercial-com-a-argentina/

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