LEGISLAÇÃO

terça-feira, 4 de junho de 2013

Argentina aprova anistia fiscal para atrair dólares


Argentina aprova anistia fiscal para atrair dólares

Estimativas do governo apontam para a captação de US$ 5 bilhões
MARIANO SANCHEZ/AFP/JC

Lei aprovada no Congresso tenta fazer argentinos aplicarem os valores guardados em títulos do governo.
O governo argentino de Cristina Kirchner conseguiu aprovar no Congresso uma polêmica lei de anistia fiscal para quem investir dólares guardados ou depositados no exterior em projetos do setor de construção ou em títulos para financiar a petrolífera estatal YPF. O partido governista Frente pela Vitória (FPV) e a base aliada aprovaram a matéria, na noite desta quarta-feira, por 130 votos contra 107. Estimativas oficiais apontam para a captação de US$ 5 bilhões.
Para Roberto Lavagna, ex-ministro da Economia, a medida visa a dar oxigênio ao governo nos próximos meses, em meio à campanha das eleições parlamentares que serão realizadas em outubro. “É para passar o momento e chegar às eleições”, disse em entrevista. Para Lavagna, “não há dólares suficientes na Argentina como consequência da necessidade de importar energia, que é de US$ 12 bilhões”.
No mercado, outros analistas, como Alieto Guadagni, ex-secretário de Energia, estimam que a conta energética será um pouco menor, em torno de US$ 9,5 bilhões, valor em sintonia com o superávit comercial mínimo que o governo deseja atingir em 2013, em torno de US$ 10 bilhões. Estimativas mais otimistas da Casa Rosada indicam que o superávit comercial poderia chegar a US$ 13 bilhões. O país vive uma escassez de dólares e o governo exerce forte controle do mercado de câmbio, o que afeta investimentos, importações e o bolso dos cidadãos.
As restrições provocaram uma diferença em torno de 70% entre o câmbio oficial e o paralelo. Segundo estimativas do governo, os argentinos têm entre US$ 40 bilhões e US$ 50 bilhões guardados em casa ou em caixas-fortes alugadas nos bancos. Outros US$ 160 bilhões estão depositados no exterior. O total supera as reservas do Banco Central, de US$ 38,5 bilhões.
As restrições cambiais levaram à forte queda do mercado de imóveis, cujas vendas recuaram 41% no primeiro trimestre. Tradicionalmente, as operações de compra e venda de imóveis no país são feitas em moeda norte-americana. Historicamente, os argentinos apostam no dólar como ferramenta para preservar o valor de suas economias, especialmente nos últimos anos, com a alta inflação estimada pelos institutos privados entre 26% e 30%. A compra de divisas para guardar foi proibida em maio do ano passado.

http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=125411


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