LEGISLAÇÃO

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Logística



Compra-se logística... dinheiro não é problema
por Carlos Pimentel Mendes *

Noticia informalmente (o famoso balão de ensaio que é solto para ver a reação do público...) o Palácio do Planalto que o governo brasileiro prepara um "tour" pelo mundo, para mostrar aos investidores estrangeiros que é viável aplicarrecursos em portos, aeroportos, rodovias e ferrovias. No roteiro, capitais europeias, Estados Unidos e Ásia. Como atrativo, o fato de o Brasil sediar nos próximos anos eventos como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
No contrapeso, sabe-se lá qual a desculpa, o fato de neste ano sediarmos a Copa das Confederações – o que já mostra o amadorismo da ideia jogada à imprensa: o que pode haver de investimento em logística que fique maduro para uso em três ou quatro meses, quando sabemos que só para obter as licenças iniciais o tempo é muito maior?
Ao contrário de alguns empresários brasileiros, os principais investidores estrangeiros sabem muito bem o que ocorre por aqui. Lembro de uma geada no Paraná: em meio à madrugada, representantes de uma multinacional de alimentos já estavam em campo, colhendo informações, abastecendo os computadores da empresa para ela se antecipar ao mercado quando a Bolsa de New York, às 10 horas locais. Os representantes do empresariado brasileiro só começaram a pensar no assunto no fim da manhã. Também anos atrás, ao buscar informações sobre instalações de armazenagem junto aos portos, descobri que os próprios dirigentes nacionais do setor usavam estatísticas europeias, bem mais detalhadas e completas que as brasileiras.
Então, o problema não é correr mundo buscando investidores, mas arrumar a casa para recebê-los. O governo federal lançou programas de investimento da ordem de R$ 133 bilhões para ferrovias e estradas, R$ 54,2 bilhões para portos e R$ 18,7 bilhões para aeroportos. Se toda essa dinheirama não é atrativo suficiente, num mundo em crise, é sinal de que existem problemas sérios a serem resolvidos por aqui, antes que eles venham.
Podemos começar pelos apagões na rede elétrica ("gargalhem, se disserem que a causa for raio"), e continuar pelos apagões na área de telecomunicações (uma empresa muito viva matou seu corpo técnico nacional e agora, claro, nada funciona direito), pela excessiva carga de impostos, pela ganância de certos políticos, pelos feudos administrativos, pela incompetência dos apadrinhados, pelas normas nada ortodoxas (em que pelo custo oficial de um tijolo se constrói uma casa, ou quase), pela falta de diretrizes administrativas, pela sofrível Educação nacional (incapaz de formar gente com o nível necessário para suprir o moderno mercado de trabalho), pelo excesso de instâncias decisórias (o famoso "carimbaço" para tudo...).
Se o Brasil resolver esses problemas fundamentais, nem é preciso fazer um "tour" ("viagem de turismo e lazer" é o principal significado desta palavra) para convencer empresários. É só enviar gratuitamente meia dúzia de mensagens pela Internet com uma palavra apenas: "Venham!". Aliás, aposto que eles já estarão por aqui, antes mesmo desse convite ser enviado...

* Carlos Pimentel Mendes é jornalista e edita o site Novo Milênio (www.novomilenio.inf.br)




http://www.portogente.com.br/texto.php?cod=76313

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