LEGISLAÇÃO

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

ENTREVISTA-Brasil deve recorrer à OMC contra tarifas dos EUA sobre importações de aço




ENTREVISTA-Brasil deve recorrer à OMC contra tarifas dos EUA sobre importações de aço

Reuters


Por Marcela Ayres e Alonso Soto

SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil deverá recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a decisão dos Estados Unidos de elevar taxas sobre importações de aço laminado do país sob acusação de concessão indevida de subsídios pelo governo brasileiro ao setor, afirmou à Reuters o ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), Marcos Pereira.

"A minha disposição é que a gente vá à OMC", disse o ministro em entrevista à Reuters, explicando que pediu para a Câmara de Comércio Exterior (Camex) analisar com urgência o caso envolvendo laminados a frio em sua próxima reunião, ainda sem data marcada. "Eu acredito que (a Camex) vai aprovar. O que eles estão fazendo lá não é legal", acrescentou.

A Comissão de Comércio Internacional dos EUA (ITC, na sigla em inglês) já havia acatado recomendação do Departamento de Comércio norte-americano para aplicação de medida antidumping contra os laminados a frio do Brasil. O departamento decidiu a favor da imposição das tarifas em março deste ano.


Mas na avaliação dos EUA, o aço laminado a frio brasileiro também está sendo subsidiado por programas de promoção às exportações como o Reintegra, que ressarce resíduos tributários na cadeia de produção aos exportadores. O governo brasileiro defende a legitimidade dos programas e, por isso, buscará contestar os EUA nesse caso, evitando que outros países também trilhem o caminho dos norte-americanos, questionando inclusive outros produtos que foram beneficiados pelos programas.

O MDIC prevê a publicação dessa decisão final da ITC envolvendo as tarifas anti-subsídios até quarta-feira, e um prazo de até 8 dias para emissão da ordem de cobrança para os exportadores brasileiros de aço laminado a frio, cujas vendas para os EUA somaram 285 milhões de dólares no ano passado.

O produto, produzido por empresas como Usiminas, CSN e ArcelorMittal, é majoritariamente exportado para as indústrias automotiva e de eletrodomésticos.

As ações de siderúrgicas tinham forte queda nesta terça-feira, em meio a uma desvalorização generalizada do mercado acionário. Usiminas PNA tinha queda de 7 por cento e CSN recuava 7,2 por cento ante queda de 3,1 por cento do Ibovespa.

Para os laminados a frio, a ITC definiu tarifas contra subsídio de 11,31 por cento para a CSN e de 11,09 por cento para a Usiminas.

Na segunda-feira, a ITC também votou pela aplicação de taxas às exportações brasileiras de aço laminado a quente, que tem maior peso para a pauta comercial brasileira. No ano passado, os embarques do produto somaram 1 bilhão de dólares.

A ITC definiu tarifas contra subsídios sobre laminados a quente de 3,9 a 11,3 por cento contra a maior parte das siderúrgicas do Brasil e da Coreia do Sul. Em outra frente, também decidiu pela aplicação de tarifas antidumping, sendo que as mais altas, de 34,3 por cento, foram impostas contra a Usiminas. Todas as outras siderúrgicas do Brasil terão pela frente tarifas antidumping de 33,1 por cento.

O ministério informou que também vai contestar na OMC a decisão da ITC sobre as taxas anti-subsídios sobre os laminados a quente.



RENOVAÇÃO DE FROTA

Durante a entrevista, o ministro do MDIC disse que o governo segue estudando um programa de renovação da frota automotiva que a princípio incluirá caminhões, veículos leves e motos com mais de 30 anos, mas ponderou que ainda não há uma formatação concluída e que os trabalhos podem demorar mais que o inicialmente previsto.

"Gostaria de concluir os estudos este ano, para apresentar este ano e quiçá já começar o programa ano que vem. Mas como o tempo está passando tão rápido, eu não sei se a gente vai conseguir", admitiu.

Questionado sobre o posicionamento do MDIC a respeito de eventual mudança no Reintegra para diminuir os impactos do programa para as contas públicas, Pereira disse ser a favor da manutenção das alíquotas já fixadas na legislação para garantir previsibilidade às empresas.

Atualmente em 0,1 por cento num esforço para elevar as receitas tributárias, a alíquota do Reintegra --que devolve parte da receita obtida com exportações de produtos industrializados para compensar impostos acumulados-- subirá para 2 por cento em 2017, para voltar a 3 por cento em 2018.

http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/reuters/2016/09/13/entrevista-brasil-deve-recorrer-a-omc-contra-tarifas-dos-eua-sobre-importacoes-de-aco.htm

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